Leituras do mês — agosto/2022
Em qualidade de leituras, acredito que agosto foi o melhor mês do ano todo até o momento, sinto que me permiti mergulhar mais de cabeça ao ofício da leitura, explorando-o de forma mais visceral.
Apesar do grande — como sempre — de leituras em poesia, também houve espaço para a leitura de um livro de ensaios, gênero do qual gosto muito. Nesse sentido, considero agosto também como um mês em que me abri ao atravessamento e à surpresa Afinal, muitos dos livros que integram esta lista não estavam no meu radar, me acessando principalmente por meio de saraus, eventos ou a partir do vínculo que construí com os autores Foi dessa forma que conheci, por exemplo, “Eu culpei Vênus pelo Vermelho”, de @mowa.arte (@editorapatua) e “anjos tocam lira nas molas do colchão”, de Hyago Carlos Marques (indepedente).
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Confira a lista completa:
📚Não temos tudo isso para chamar de nosso, de Débora Cançado (Editora Patuá) — segundo livro de poemas da escritora mineira Débora Cançado, Não temos tudo isso para chamar de nosso foi publicado pela Editora Patuá. Com poemas que trabalham a ideia de percurso, a autora constrói uma interessante apropriação da linguagem e da tessitura textual. Ao final do livro, há um QR Code que dá acesso à playlist com as músicas que inspiraram sua escrita.
📚Nunca Estive em Tübingen, de Lilian Aquino (Editora Patuá) — Contemplado pelo ProAC em 2020 e publicado pela Editora Patuá em 2021, Nunca Estive em Tübingen é o terceiro livro da poeta paulistana Lilian Aquino. Com uma tessitura que se envereda pelo onírico, pelo silêncio e pela ideia de percurso, o livro também se destaca pela sua arte gráfica, de Roseli Vaz, que traça uma espécie de cartografia a partir de linhas em azul e laranja.
📚Ardósia, de Larissa Lins (Editora Urutau) — Trazendo a temporalidade como eixo central, os poemas de Ardósia, estreia na poesia da poeta e pesquisadora cearense Larissa Lins, se fundam no assombro do passado e no vazio do presente, numa construção em que ambos se misturam, se invadem e se confundem. Nesse sentido, o texto Lins se destaca pela estranheza das imagens, que muito emprestam do onírico, da corporeidade e da melancolia. A orelha é de Fred Spada.
📚Genara, de Graziela Brum (Independente)- prosa poética da escritora gaúcha Graziela Brum, atualmente radicada em Alter do Chão — PA, que traz a narrativa do nascimento da personagem que dá título ao livro, Genara, dentro do contexto da floresta amazônica. São explorados temas como a maternidade, o feminino e a relação com a natureza. Uma observação importante é que Genara aborda muito do universo que a autora constrói posteriormente em seu romance de estreia, Jenipará (Editora Reformatório), podendo ser lido como um exercício ou como parte de um processo criativo maior.
📚King Kong Theory, de Virginie Despentes (Fitzcarraldo Editions) — tradução de Frank Wynne (🇬🇧) #TBR2022 — livro de ensaios da escritora e cineasta francesa Virginie Despentes, que investiga as expectativas sociais envolvendo o ser mulher, perpassando temas como feminilidade, o imaginário social em torno da violência sexual, a expressão do desejo e a pornografia.
📚Três Porcos, de Marcelo Labes (Caiaponte) —livro que já estava na minha lista de leituras há algum tempo, Três Porcos é um romance autoficcional do escritor catarinense Marcelo Labes. Partindo-se da proposta de uma “literatura de vingança”, o romance permeia temas como trauma, desigualdades sociais e masculinidade dentro do contexto dos abusos sexuais que o protagonista, Rafael, sofreu durante a infância. Três Porcos destaca-se ao conseguir arrematar tanto os sentimentos complexos aos quais personagem vivencia ao longo da narrativa quanto elaborar sua experiência de forma mais crítica.
📚Ossatura Sutil, de Mariana Artigas (Editora Urutau)- livro de estreia da poeta, atriz e professora curitibana Mariana Artigas, Ossatura Sutil se destaca por sua textualidade ao mesmo tempo delicada e densa, com apropriação de elementos simbólicos, oníricos e dispositivos corpóreos, centrando-se a figura feminina e sua multiplicidade. A orelha é da poeta e historiadora Beatriz Rocha.
📚 Touro Medusa, de Donny Correia (Editora Desconcertos) — quinto livro de poemas do escritor, professor e cineasta Donny Correia, Touro Medusa traz a dualidade enquanto eixo — esta explícita já no título, que coloca, num mesmo corpo, duas figuras mitológicas díspares — a górgona e o minotauro — mas que evocam cargas simbólicas similares: estas relacionadas à morte, à destruição e ao imaginário daquilo que é aberrante. São estes os temas a que se debruçam os poemas de Correia, já conhecido por sua poética, que dialoga fortemente com o expressionismo alemão. Touro Medusa tem prefácio de Lilian Aquino e orelha de Fabio Weintraub .
📚Paurinhas, de Pedro Blanco (Selo doBurro) — publicado em 2022 pelo Selo doBurro, Paurinhas é uma experimentação poética e performática de Pedro Blanco, marcada pelo seu tamanho pequeno e pelos versos curtos, que se constroem num movimento semelhante ao de “frases de efeito”. Ao longo do livro, Blanco trabalha com temas diversos entre si, que vão desde experiências pessoais, como frustrações amorosas, até reflexões acerca de atualidades, construídos num único fio, que consegue arrematá-los de maneira muito original. A orelha é de Arthur Moura Campos.
📚anjos tocam lira nas molas do colchão, de Hyago Carlos Marques (independente) — Publicado de maneira independente em 2021, anjos tocam lira nas molas do colchão é a estreia na poesia do poeta alagoano Hyago Carlos Marques. Com poemas que passeiam pela noção de desejo, Marques constrói uma poética que o localiza dentro de corporeidades dissidentes, atravessando temas como identidade racial e homossexualidade, que se coloca como sujeito, desvencilhando-se do discurso hegemônico que objetifica estes corpos. anjos tocam lira nas molas do colchão tem prefácio da escritora paraense Paloma Franca Amorim e posfácio da poeta Bianca Gonçalves.
📚 Eu Culpei Vênus pelo Vermelho, de Nicoly Russo (Editora Patuá) — livro de estreia da poeta e colagista Nicoly Russo, Eu culpei Vênus pelo Vermelho traz o enigmático para dentro do cotidiano, trabalhando o corpo, o amor e o erotismo dentro de um jogo de sutilezas.
📚 Raízes de Carol Ruiz (Editora Patuá) — estreia na poesia da escritora, roteirista e revisora Carol Ruiz, Raízes trata das instâncias do ser mulher a partir da ancestralidade, do místico e do mitológico a partir de imagens da terra e da natureza.
e vocês? O que leram em agosto? ✨